segunda-feira, 28 de julho de 2014

    Morando no exterior, participando de uma conversa entre meninas da minha sala, uma belga contou de uma menina que abortou três vezes, filhos de pais diferentes. "É uma puta", ela disse em bom francês. As outras duas suíças que participavam da discussão riram enquanto faziam cara de "que babado". 

    Puta? Quem é puta? O que seria uma puta? Será que existem mesmo putas? O que eu conheço são mulheres. Mulheres que fazem sexo, por que são humanas e também frutos de sexo. E mulheres que fazem sexo estão sujeitas a engravidar. Então são putas por que engravidaram? Ou por que fizeram sexo? A maioria das moças que chamam de puta uma jovem que engravidou também dão pro namorado e eventualmente serão mães. E nossas mães são putas por que engravidaram, por que deram? Que grandes filhos da puta somos nós. Que grandes filhos da puta, minha mãe e meus oito tios paridos por minha avó. Puta que pariu! Que grande puta vovó é. E não são putas (nesse caso tenho que usar a palavra no feminino, no masculino não teria o mesmo sentido) os rapazes que engravidaram a menina? E não era puta meu avô?

     Não cabe a mim opinar sobre os abortos feitos por ela, até por que não sei seus motivos e nem as circunstâncias. Passou pela minha cabeça, apenas, que depois do primeiro, ou mesmo antes, ela poderia ter se prevenido - ou seus parceiros também não poderiam te-los prevenido? - Por que mesmo com todas as boas condições de um aborto legalizado em pais de primeiro mundo, não é preciso ter abortado pra saber que esse é um procedimento muito difícil e doloroso pra mulher, física e emocionalmente. 

    Eu fico feliz que em algum lugar do mundo ela tenha tido o tratamento correto para a decisão que ela tomou para o seu próprio corpo, e espero que as belgas, suíças e brasileiras passem a se enxergar, se unir e se respeitar como mulheres, não como putas. Por que putas não existem.

- Mãe, e como era BH há trinta anos?
- Ah, era um domingo... um eterno domingo

Cidade grande

Pequena demais pros nossos sonhos

sexta-feira, 13 de junho de 2014

Lavei a roupa suja
E ainda fiz poesia
Botei pra secar com a lua
Por que não quis esperar o dia

segunda-feira, 19 de maio de 2014

O tempo e a distância assustam
Assusta a distância de um tempo pro outro
O que assusta é sentir o tempo passar e a distância diminuir
Assusta chegar, e portanto partir...
Assusta despedir do que fora apresentado
E reencontrar o que agora parece passado
Logo ontem era verão, e já vi tantos verões...
Mas nem percebi o passar das estações
Tudo parou no tempo
E eu pareço sempre estar de partida
Assusta o encontro e assusta a despedida

quinta-feira, 15 de maio de 2014

Não importa o quão rude ou cruel você seja comigo agora, eu prometo sempre lembrar das coisas boas que você já fez por mim.
Eu vou manter em mente os nossos bons momentos juntos.
Eu nunca vou me esquecer de suas qualidades e da pessoa maravilhosa que você é.
O Deus que habita em mim para sempre saudará o Deus que habita em você - Namastê.
O mundo quer que eu te odeie, eu continuarei te amando. Quer que eu te julgue, que eu te amaldiçoe. Eu continuarei te bem querendo, te bem dizendo. Eu vou mandar luz pra você toda vez que você passar pela minha mente. E quando me perguntarem sobre você, meus olhos se encherão de brilho e encherei minha boca pra falar de suas mais belas qualidades e do quão maravilhoso você é.
Eu não vou procurar ou apontar suas falhas e eu jamais me arrependerei de qualquer coisa boa que eu já tenha feito por você. Eu nunca me arrependerei dos nossos momentos juntos.
Eu posso nunca mais ter nenhum tipo de contato mundano com você, mas se tivermos, prometo ser respeitosa e paciente. Faço isso pelo nosso bem.
Espiritualmente te libertarei e assim serei livre também.
Com as águas do mar lavarei de minha garganta o seu nome e do meu espírito qualquer mau que meu ego queira te causar.
Faço isso por que te amo e pra sempre vou te amar.
Faço isso por que eu sou você e você sou eu. Somos um só e eu jamais serei capaz de te odiar.
Me liberto das saudades, mas ainda te saúdo, por que agora, somos Deuses de nós mesmos.

"Sinto muito. Me perdoa. Te agradeço. Eu te amo."

sábado, 22 de fevereiro de 2014

De quando a gente deita pra dormir

Os ventos do leste do esquecimento
Já tão adormecidos em suas memórias
E oblivitudes
Despertaram e num sopro resolveram voltar
Um sopro, um ronco, um espreguicamento, e veio rodopiando para cá em formato de furacão
Meio torto pra lá meio torto pra cá girando e gritando sem encontrar o seu lugar, meio aqui e meio lá como que querendo também voltar pra onde vinha de acordar . Os ventos nervosos antes adormecidos e talvez tão nervosos assim só por que alguém os acordou tocaram as folhas da árvore que se repousava e estas plainAram suavemente pelo ar ignorando toda a força do vento das memórias como se não fora ele que as havia despertado, mas reconhecendo que elas se desprenderam sozinhas assim como quem abre os olhos naturalmente com o despertar do dia
Palavras. Conjuntos de letras, de sons. Fazem mais sentido quando acompanhadas de outras delas que viram frases: mais letras, mais sons. No papel são desenho, na voz, música. Na mente, abstratas ou decodificadas, sentimento, reflexão. Algumas talvez vazias que quase buscam apenas substituir o silêncio. Como se esse fosse vazio... São  desenhos, sons, combinações invisíveis ou decodificadas que podem causar nojo, medo, encanto, ou paixão, ou qualquer tipo de sentimento, ideia ou reação tanto quanto ou mais que qualquer coisa mais concreta que posso ver ou tocar. E quem disse que o que vejo e toco é menos ilusório do que aquilo que acredito dizer ou escutar? Já faz algum tempo que aprecio o silêncio, mas as palavras também tem o seu lugar.