quinta-feira, 28 de novembro de 2013

terça-feira, 19 de novembro de 2013

Biografia

Não me estranhe doutor
É que de um lado sou nordestina
e do outro imigrante
italiano trabalhador
E do meu pai herdei os olhos
mas o olhar é do avô
Se tenho a pele amarelada
é de tanto comer pequi
Que minha tia montesclarense
trouxe lá do Piauí
E essa mania de poesia
é do bisavô que nem conheci
Se tenho as pernas grossas é por que
minha família rodou muito esse Brasil
Passou pelo Rio de Janeiro, Espirito Santo
e lugares que você nunca ouviu
O meu sobrenome veio de Portugal
junto com o bacalhau
mas essa fome de mundo
eu não sei daonde vem
Alguns voltaram pro estrangeiro
e eu fui também
Por que o meu sangue é mestiço
e fronteira alguma me retém
Então não me estranhe, doutor
Por que meu destino ninguém me diz
Do meu pai herdei os olhos
Mas sou dona do meu nariz

sexta-feira, 8 de novembro de 2013

vadia
vá dia
vá de dia
por que a noite chegou
com segredos que não cabem
na sua saia curta
não saia
não curta
VADIA

Uma puta estuprada e nove meses depois nasce o filho da puta.
Se a noite é uma criança ela tem medo do escuro
 sua música não é de ninar
e não acorda na cama dos pais
mamadeira não é leite


O silêncio nosso de cada dia

- Tá pensando em quê?
- Cê me perguntou isso d'outra vez
- Tô perguntando de novo
- Eu penso em várias coisas ao mesmo tempo
- Cê já disse isso d'outra vez
- Tô dizendo de novo

...

E ficou aquele silêncio entre nós, aquele silêncio de sempre que dizia tanto e gritava mais ainda e ainda assim não falava nada. E eu me perguntava se aquele era o silêncio dos estranhos ou dos íntimos, dos indiferentes ou dos amantes, naquela tênue diferença tão significante e perturbadora e contraditória que um silêncio pode carregar.

sábado, 28 de setembro de 2013

-

queria poder deixar a dor abstrata
que esse embrulho no estômago
toda vez que penso 
pudesse se transformar em desenho
rabisco nervoso
de preto no branco
pra rasgar 
e atear fogo ao papel
levando as mágoas
com a fumaça ao léu

as palavras que me pego resmungando 
mas gostaria 
- ah se eu pudesse
te sussurrar
me sufocam
e me provocam berros 
quando a agonia do umbigo sobe pra garganta 
que coça, 
e grita e uiva,
e no choro soluça
procurando uma solução
pedindo por socorro
clamando por perdão

perdão que virá desta mesma mente confusa
que criou o pecado
e instigou o malvado
fardo da ilusão
que acusa e maltrata
e destrói
todas as lembranças boas
e castiga e critica
e aponta
pra bem longe a esperança

a esperança boba, sonsa, tola
de que seja mesmo ilusão
de que eu esteja enganada
que tudo isso não é nada

mas o nada que me abraça
também arranha e esbraveja
afogando numa cerveja
minhas supostas 
ultimas lagrimas
Vai ver era verdade minha filha, mas, verdades mudam o tempo todo.
Enquanto alguns gritam
amor livre
e batem no peito
Eu sinto o amor
batendo no peito
Não com a euforia
de paixões libertinas
Mas a calma,
e a verdadeira liberdade
que só o amor pode dar

quarto pra dois

Quando a gente chora de olho fechado
um rio inunda o quarto
E um quarto do que sinto
não é do quarto que tomei
mas da metade que entreguei
Fora um
mas o meio dividiu
ficou de um lado eu
e do outro você
À margem desse rio
que inundou o quarto
Entre quatro paredes
sem porta e sem janela
sem descanso nem tela
Cada um num canto
pintando-se em aquarela

De aço não sou, concreto não serei

Brilham as luzes da cidade
e o concreto lá em baixo
parece silencioso
inofensivo
inocente
assim como as luzes
que chamam meus olhos em silêncio
me calo e escuto
o silêncio da noite
que mais me parece uma melodia
que acalma meus ouvidos cansados
dos gritos do concreto lá de baixo
fecho meus olhos também cansados
das luzes que piscam
quando estou lá em baixo
e adormeço meu espírito por uma noite
pra ver, enfim,
o sol ofuscar
todas as luzes da cidade de concreto

Meninice

A menina quer rodar o mundo
fugir de casa
por que a sua casa é o mundo

A menina quer fugir da mãe
por que a sua mãe
é a natureza

A menina quer fugir com o filho
por que o pai é criança

A menina quer fugir de si
por que se ser
simplesmente não a basta

quinta-feira, 11 de julho de 2013

O que a Maria, a Joana e o resto do mundo achavam sobre o seu Beneci

Seu Beneci, de lá seus oitenta anos ia ao clube todos os dias e se sentava sempre na quarta espreguiçadeira da esquerda pra direita, em frente à piscina olímpica onde os jovens da equipe de natação treinavam.
Os funcionários do clube e os outros frequentadores observavam aquele hábito do senhorzinho e criavam especulações sobre o motivo de tal comportamento.
Alguns achavam que ele o fazia por uma certa nostalgia dos seus tempos de atleta, quando ganhara vários campeonatos de natação naquela mesma piscina e em tantas outras ao redor do mundo. Maria, acreditava que Seu Beneci gostava era de admirar a forma com que o sol refletia na água, e Joana supunha que era o barulho das braçadas que o relaxavam.
A verdade é que depois de certo tempo deitado ao sol, seu Beneci ficava com calor, mas tinha preguiça de se levantar para tomar uma ducha, e a posição daquela espreguiçadeira era perfeita para receber os respingos do pessoal da natação que o refrescavam.

sexta-feira, 14 de junho de 2013

On se tait

O que é, o que é?
Quando dizem seu nome,
não existe mais

Vou fazer greve de silêncio
Pois as palavras que grito
Ensurdecem meus sentimentos
que gritam mais forte ainda
como quem aumenta o volume da música
para abafar o barulho de fora
e acaba ferindo os ouvidos

Vou fazer silêncio
pois transformar meus sentimentos em palavras
seria desmerecê-los
como quem tenta expressar
as batidas do coração
fazendo
"Tum tum, tum tum, tum tum..."

Vou fazer silêncio,
pois tudo o que digo já sei
então que seja egoísmo,
mas hei de escutar
para saber mais

Se não for me dizer algo que valha
faça também
greve de silêncio

E se todos pensarem assim?

Morreremos todos em silêncio.

Portanto, meu amigo,
SHHH
que é pra guardar segredo

quinta-feira, 23 de maio de 2013

À mim mesma

Talvez eu nunca tenha te falado o quanto te admiro. Você já ouviu de outras bocas o quanto você é incrível, mas apesar desses elogios te deixarem contente e curiosa, nunca realmente te convenceram. Mas eu sei que você já aceitou o quão diferente é. As coisas na sua vida nunca correram de forma comum, às vezes por escolha sua, outras, pelo rumo que a vida mesma te impôs. Você nasceu fadada a ser diferente, e não nega esse seu destino. Eu nunca te disse o quanto te admiro por isso. Por vezes te acho tola e insegura, e talvez você seja mesmo. Mas me surpreendo com você às vezes quando você desliga a música alta e tira os fones de ouvido e chega à alguma conclusão sobre a vida enquanto espera o sinal de pedestres abrir para atravessar a rua, mesmo que não haja nenhum carro vindo. Eu admiro sua coragem de ser feliz. Mesmo que o mundo inteiro diga que você não tem chances, você faz o que for preciso por aquele momento de ternura em que você mesma se diz "eu fiz a coisa certa". Admiro a forma com que você se adapta às mudanças e se entrega à vida. Seus questionamentos param, quando você vê que as coisas mudaram e resolve se aliar ao seu destino, ao invés de torná-lo um inimigo. Você aprendeu isso quando o seu pai morreu. Vocês tinha mil planos juntos, você estudaria administração e trabalharia na empresa com ele. Você se casaria e levaria seus filhos para brincar com o avô aos finais de semana. Seu pai não está mais aqui, e não há mais empresa. Você largou os estudos de administração e decidiu estudar artes mesmo não sabendo desenhar e não havendo nenhuma possibilidade de emprego. Diz que não vai casar e não quer botar mais crianças nesse mundo injusto. Você decidiu que será feliz assim, pelo menos por hora. E quando não alcançar mais a felicidade assim, vai logo procurar algo que a satisfaça, e as coisas vão fluir.
Vamos guardar o nosso segredo de que quando você anda de cabeça baixa, não está pensando em nada especial, talvez só observando os seus pés na calçada esburacada.
Eu nunca te disse o quanto te admiro pela sua coragem de amar. Por mais que você, em prantos, jure  nunca mais gostar de ninguém e não se envolver com mais nenhum menino, a cada dia você retoma o seu fôlego e põe a cara a tapa. Você, que será que uma eterna aprendiz nesse jogo de amar, tem uma coragem que somente os iniciantes possuem, e isso é um dom. O máximo que pode acontecer é a infelicidade, e isso não te assusta, não quando se é por uma boa causa.
Hoje vou comprar uma garrafa de vinho barato com aquele dinheirinho que você conseguiu e vamos nos embebedar juntas, brindando à nós. Eu nunca te disse o quanto te amo, mas prometo lembrá-la disso de hoje em diante.

domingo, 5 de maio de 2013

O sétimo dia

O que sufoca
não é o domingo
e nem a segunda
de manhã

O nome dessa agonia
é rotina
Que a minha dor nas costas
seja de dormir no chão
acampada em algum canto na natureza
E não de um travesseiro
alto demais
no conforto da minha preguiça

Que minhas bolhas nos pés
Venham de longas caminhadas
E não de um salto alto

Que as frutas que eu como
sejam tiradas do pé
como alimento que a natureza me deu
pra matar a fome
E não um regime
para ter o corpo ideal

Que o meu bronzeado seja de praia
e não de um produto artificial

Amém

Mais uma sobre o tempo

Que tempo é esse apressado
que passa acelerado
quando estás ao meu lado?

Dá até um frio na barriga
e logo chega onde deveria

São esses olhos vidrados 
de um piscar

Essa é mais uma sobre o tempo
que acabou falando de nós 

Antes fosse 
conversa de elevador

"Cê viu o tempo hoje?"
Esfriou...

terça-feira, 30 de abril de 2013

Essência de incenso

Todas as noites
eu acendo um incenso
para dormir

E todas as noites
eu tiro da pratinho
as cinzas da noite anterior

Chego na janela,
e sopro as cinzas ao vento
pensando
que aquelas cinzas
são você
que me fez tão bem
mas em fogo se consumiu
e agora é hora
de te deixar ir

Às vezes o vento
bate ao contrário
e as suas cinzas que soprei
voltam pra mim

Mas aí,
eu acendo um outro incenso
e vou dormir

Poeminha sem-vergonha

Soltei
O pássaro da gaiola
A idéia da caixola
A música da vitrola

E eu sou do contra
E cansei de rimar
Tchau
Seja honesto em suas perguntas e serei sincera em minhas respostas.

Talião

"Acerto de contas", comentou o porteiro.
O maluco que não cumpriu sua palavra teve que morrer pro bandido cumprir a dele.

Nostalgia

Mas que hora foi essa, em que o nosso tempo passou a ser lembrança?

Babilônia

Cidade grande, pequena demais para os nossos sonhos...

quinta-feira, 25 de abril de 2013

Chora, Ana

Eu conheci Ana. Ana é muito feliz. É feliz até com dias nublados, segundas-feira logo cedo fora da cama e muito trabalho pra fazer. É feliz mesmo sendo a ovelha negra da família e com seus pais dando toda a atenção à irmã mais nova desde que eram pequenas. Hoje, ela já está na faixa dos trinta e ainda se sente desconfortável em almoços de família. Ana é feliz mesmo com toda a bagunça do colega com quem divide a casa, com o carro atolado na neve e o cachorro fujão. Até de TPM, Ana é feliz e bem humorada. E justifica sua alegria dizendo que a vida é curta demais pra se ficar triste. Mas eu te digo, Ana, ficar triste faz parte da vida. Mesmo que triste, se está vivendo também. Pode chorar, Ana. Fica até mais tarde na cama um pouquinho. Hoje eu tiro a neve da porta da garagem pra você.

Desatando nó no escuro

fragmentos da tua voz
retalhos dos meus nós

nós

nós
eu tu ele
eles
nós

Não se pega, conquista

Hoje fiquei chateada por que perdi o ônibus. Quando eu estava chegando no ponto, vi-o dobrando a esquina e tive a certeza de que eu teria que esperar mais vinte minutos até que ele voltasse para me levar em casa. Se em um momento de distração eu olhasse para baixo e não o visse passar, tão amarelo e grande à minha frente, mesmo que eu o perdesse, talvez não ficasse tão chateada. "O que os olhos não vêem, o coração não sente". 

Por acaso

O acaso nesse caso
foi certeiro

Uma jornada
no compasso do ponteiro

Marcou a hora no pulso
do relojoeiro

Sussurrou 
enquanto me empurrava

E eu tive tudo
quando não esperava nada

quarta-feira, 24 de abril de 2013

Cachorrada

Em uma cidade em que as pessoas não se olham mais, cachorros encoleirados, no instinto de se cheirarem, obrigam seus respectivos donos, por um momento, a pararem e agir como gente.
- Como chama?
- Geraldo
- Digo, o cachorro. É fêmea?

sábado, 20 de abril de 2013

Sentimento

Em algum canto do mundo onde todas as formas se perdem, em algum som em que escuto a tua voz, e quando a cor muda a textura do papel...

Eu estarei lá.

quinta-feira, 18 de abril de 2013

Roseou

É menina, essa carinha rosada quando ele chega é sinal de que o coração de tanto bater subiu pras bochechas!

quinta-feira, 11 de abril de 2013

Falta de assunto

Não adianta a gente ficar reclamando de falta de assunto ou deles serem sempre os mesmos, eles surgem é de nós.

Sabe nada da vida

Ouvi a menina do lado dizer para a amiga: "foi ele quem terminou com ela..." . Não é uma pessoa que termina com a outra. Da mesma forma com que namoram juntos, se separam juntos.Dã.

A culpa é da mamãe

Mãe,

A culpa é sua. A culpa é sua de eu ser emburrada e mal humorada.  A culpa é sua de eu ter essa mania de fazer barulhinhos com os dedos encaixando uns nos outros de um jeito que só nós duas sabemos fazer. A culpa é sua, da forma que repouso as mãos sobre a boca e as vezes puxo um pouco dos lábios com as pontinhas dos dedos. A culpa é sua de sempre te ver nas minhas própias fotos e todas as vezes que me olho no espelho. Eu, que sempre me achei mais parecida com papai, venho me achando cada vez mais igual à você de uns meses pra cá. Embora você e Gabriel sempre fiquem rindo de mim dizendo que eu fui adotada e o Grilo me dizendo que eu sou a "Cristina branca". Iguaizinhas. Só muda a cor da pele. Pretinha! 
A culpa é sua de eu ser horrível em Matemática e querer estudar Jornalismo mesmo não sendo "a profissão do futuro". A culpa é sua, se eu tenho uma visão crítica irritante sobre tudo, e sempre passo por chata ou louca perto desse bando de gente ignorante à minha volta. A culpa é sua se agora tenho birra de camisetas com estampas escritas em inglês e sempre questiono os desenhos e escritos nas camisetas de todo mundo. Aliás, a  culpa é sua se agora só uso camisetas brancas e aceito pagar o que for em qualquer camiseta estampada que me agrade. A culpa é sua se eu sempre corto as etiquetas e faço "mudanças" em tudo quanto é roupa minha e acabo arrependendo. A culpa é sua, e um pouquinho de Gabriel, do meu jeito estranho de rir. Aliás, a culpa é sempre de Gabriel, que vive colocando a culpa em mim. Mas a principal  culpa sempre foi sua. Sua e de papai, de me ter tido e ter tido Gabriel antes de mim.  
A culpa das minhas sombrancelhas grossas é sua, e a culpa do meu nariz é de papai. Aliás, nariz que nunca achei bonito, e que você insiste em chamar de “nariz de Paganinho”. A culpa da minha altura é dele também - ainda bem! Você é muito baixinha! - mas a culpa das coxas sempre foi sua! A culpa é sua, de papai, de Gabriel, mas eu gostaria de ter um pouquinho de culpa também. Queria ter um pouquinho de culpa sobre mim mesma. Mas não tem problema. Eu amo que sejam vocês os culpados. Os culpados das minhas qualidades, dos meus defeitos, das minhas características em si, os culpados pela minha vida, os culpados da minha vida. A culpa é sua, mamãe, sempre foi e sempre será. Por que ser mãe é assumir a culpa. (E ser filha é ser eternamente vítima e cúmplice, mas nunca dona do próprio nariz!).

Bebel

*carta que escrevi à minha mãe em um surto de saudade em 2012, quando fiquei um ano sem vê-la.

quarta-feira, 10 de abril de 2013

Inspiração

Levei um pé na bunda e virei poeta.


Mas sabe, você fica bem melhor em texto.

Contradição

Hoje eu vi um PM usando uma pulseirinha do reggae! Isso é normal?

Não é nem Aberto e nem Enrolado

Que estória é essa de não poder atualizar o status de relacionamento com mais de uma pessoa, Facebook? Logo você, tão modernete, ainda não se ligou no Amor Livre?

Versinho

Tome cuidado, moça
com o rapaz com quem você se simpatiza

Essa história eu conheço
e já deu briga!

Não é fofoca
e nem boato
mas com o Joaquim foi certeiro...

Então preste atenção
pois o fato é verdadeiro

Não é necrófila
nem ninfomaníaca
Nem tarado
nem feiticeiro

E mesmo assim você ainda pode se enganar!

Em cidade grande
onde tudo é pequeno

Todo mundo é Ex de todo mundo, BH!!!

Vida Bandida

Eu poderia estar matando, roubando, usando drogas mas tô só... é, só tô usando drogas mesmo



Mentira.



Roubo beijos, corações, e balas no supermercado. Também mato a tia de raiva e meus pulmões. Mas matar gente mesmo, de verdade, só no GTA.

terça-feira, 9 de abril de 2013

Doce como Gabi

Gabi escuta músicas no Ipod, daquelas que falam da vida e fazem a gente passar o dia pensando na letra. E ela pega o fone e se vira para a amiga: "Quer?", como quem oferece um doce. Realmente, não existe coisa mais doce do que oferecer uma música.

Citando Raul

Você me disse 
citando Raul
Falando baixinho como sempre
tomando toda a minha atenção
Pra não perder nenhuma palavra
Nenhum momento
Sabendo do quão breve seria

Você me disse
citando Raul
sem lembrar que Raul era também
o nome da praça
onde a gente se conheceu mais uma vez
Mais cedo naquele dia
Em que a gente se beijaria

Em resposta ao meu medo
de que tudo acabasse logo
Você me disse
citando Raul

O início é o meio
E o fim é o começo

E esse é o fim
Do que nunca começou

Estranhesa

Aconteceu uma divertida coincidência entre vocês dois - será que foi coincidência ou sintonia? - e senti ciúmes da coincidência, não de vocês. É que a gente costumava ter uma sintonia também. Você olhou pra ela, e ninguém viu, mas eu reconheci, por que você já olhou assim pra mim também.

Sentimento Sentido

Sentimento sentido
sem sentido

Dizer o que se sente
Mas dizê-lo também
Não faria sentido

O medo do compromisso
estragou o que era bonito

Sem compromisso
sem dever nada à ninguém
mas já comprometidos
pelo sentimento que se tem

Gostar de estar junto ou gostar de alguém?

Você sozinho de lá
E eu de cá
Então por que não estamos juntos agora
se seria tão bom?

Paixão que se confunde com amor
Com raiva e frustração
De não ter sido o que já se sabia
Que não seria

A expectativa de que a expectativa do não
não se realizaria

Querendo conhecer outro mundo
E fugindo do estar juntos

Sem perceber que pra gente
estar juntos era justamente
a maior aventura

O medo de sentir
por que aqui
os sentimentos são reprimidos
E aqueles que dizem 
e mostram
o que sentem
e o que são
são loucos, sentimentais, efusivos

Viver o que se vive e o que tem que ser vivido
Sentimento sentido 
sem sentido

Mas quer saber?
Sentimento tem mesmo é que ser sentido
Mesmo que não faça 
nenhum sentido

Era do caos

Aproveite seus últimos dias de ser quem você acha que é. Você nunca mais será o mesmo.

Pode ser amor também

- Tá fazendo o quê?
- Nada. E você?
- Nada também. (...) Vamos fazer nada juntos.

Reali o quê?

Parecia sonho, mas era realidade. E por isso acabou. Se fosse sonho, não precisava acabar. É a realidade que quando brinca de sonhar se acaba. Sonhos não. Sonhos podem escolher continuar brincando de ser sonho e continuar sonhando, afinal, são só sonhos.

Dezoiteando

Completei dezoito anos. Bom, pelo menos é o que diz um número escrito em um papel com a minha foto que chamam de "Carteira de Identidade", mas não me lembro em nada de quando nasci para saber se procede e muito menos sei da minha real identidade. Quando eu era mais nova, achava que aos dezoito anos já estava-se no auge da maturidade, mas ainda me sinto frágil e desengonçada ao andar nas ruas, fico tímida ao comprar uma cerveja, por conta da minha carinha de criança e ligo dengosa pra minha mãe toda vez que tenho um problema ou um dia ruim. E ainda estranho, quando encontro com minhas amigas de infância que chegam dirigindo e conversamos sobre emprego e faculdade. Eu acho que só vou ser matura quando tiver lá meus vinte anos, mas já prevejo que quando chegar lá, ainda vou me sentir como agora. E o engraçado é que paquero meninos dessa idade, e os acho bem mais velhos, e de repente lembro que tenho quase a idade deles! Dezoito anos é muito pouco. Ontem mesmo eu tinha dezessete, como é que a gente muda de idade assim, de um dia pro outro? Agora eu faço legalmente, tudo o que eu já fazia desde os quinze, mas agora me dizem que sou adulta e devo assumir minhas responsabilidades. O pior é que faço legalmente algumas e continuo fazendo outras ilegalmente, mesmo (hehe). Eu ainda sou uma criança, e crescer é muito estranho. Mas vai ver a gente começa a crescer mesmo, quando a gente admite pra nós mesmos que ainda somos muito imaturos.

sexta-feira, 5 de abril de 2013

Tapada

Às vezes, é melhor não ligar o nome à pessoa.

Amador*


Eu sou ainda amador 
nessa coisa de amar

E sinto que sinto dor
de tanto amar

E eu sei 
que nunca vou deixar de ser
amador 
nessa coisa 
de amar

Mas hei de aprender
que se doer

Amador

*paródia do texto "Amador" da minha amiga linda Gabi, do blog arvorecerdeumamenina.blogspot.com

terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

Ciao



Eu nunca gostei de despedidas. Mesmo em eventos sociais, sempre evitei os beijinhos, dou só um "tchauzinho" geral e saio à francesa (aliás, não entendo por que chamam isso assim, na França morro de preguiça por que eles se despedem de CADA um com dois beijinhos ou mais!). Enfim, não gosto de despedidas, mas gosto da palavra "Tchau". Gosto do som da palavra, da forma com que é reconhecida em qualquer lugar do mundo, acho engraçado o gesto, abanando a mão (quem diabos inventou isso?) e, curiosamente, me lembro bem de quando aprendi a escrevê-la corretamente. Foi como uma vitória, quando meus coleguinhas ainda escreviam "Xau", ou "Tial". Gosto do "Tchau" dito por falantes da língua portuguesa, às vezes até pelos franceses, imitando seus vizinhos de fronteira italianos, que falam "Ciao" tanto pra despedida quanto para o cumprimento. Para o cumprimento é um só, para a despedida às vezes dois: "Ciao Ciao". Sábios são eles, que já no dicionário, reconhecem que cada despedida é um reencontro, um oi para algo novo. Como se um "Ciao" fosse realmente um tchau, e o outro um oi, para o que vem.

quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

"Às vezes, perder o equilíbrio por amor, faz parte de viver uma vida equilibrada"

Do filme Comer, Rezar, Amar

Perdi a linha

A dor que sinto no corpo agora não me deixa esquecer a dor que sinto no coração. Na ânsia de me encontrar, acabei me perdendo, e tentando descobrir quem eu sou, já não me reconheço mais. Na busca de pessoas novas e interessantes, acabei me afastando daquelas que sempre estiveram comigo.
A minha "busca por mim mesma" que declarei meses atrás acabou hoje, depois de dois porres de lá pra cá, alguns corações partidos, um nariz quase quebrado, joelho roxo e costas doendo, dessas mágoas que nunca se afogaram. Costas doendo sem roxo, vermelho, cicatriz, arranhão, nada. Mas que doem como se eu estivesse carregando, literalmente, esse peso que carrego comigo.

"(...) E que a minha loucura seja perdoada, porque metade de mim é amor, e a outra também." Oswaldo Montenegro