domingo, 6 de setembro de 2020

Biografia tecnológica


Nasci no ano de 1995 e meu contato com tecnologias mudou bastante ao longo de meus 25 anos. Poucas pessoas possuíam telefone celular e eles eram chamados popularmente de “tijolão”, por serem grandes e pesados, e, normalmente, estritamente para fins profissionais. Eles tinham pouquíssimas funçōes e eram usados basicamente para (pasmem!) fazer ligaçōes.

Eu via meu pai, que era empresário, usando esse celular e, um pouco mais tarde, quando os celulares passaram a possuir algumas outras funçōes, às vezes ele permitia que eu jogasse no aparelho, um jogo chamado Snake, muito simples e extremamente viciante (nesse sentido nada mudou). Eu também me divertia escolhendo diferentes toques polifônicos. Uma vez mudei o toque de telefone do meu pai e quando o telefone chamou ele não reconheceu e perdeu uma ligação importante. Outra vez, mudei o toque para um que imitava barulho de sapos e o envergonhei na frente de uma cliente importante (risos).
Em algum momento da minha infância, lembro que foi lançado um aparelho celular rosa, da Xuxa, se não me engano, que virou objeto de desejo entre as crianças. 



Independente do celular, tínhamos um telefone fixo em casa e minhas amigas e eu tínhamos o costume de nos ligarmos para ficar batendo papo.
Além disso, a moda era os Tamagoshis, uma espécie de mini videogame super simples no qual a criança tem que cuidar de um bichinho.
Além dessas ferramentas, existia a filmadora, que registrou vários momentos da minha família, que revejo com grande nostalgia. A maioria das fotos da minha infância foram registradas através de uma câmera analógica, hoje novamente na moda entre pessoas mais alternativas. Meu pai gostava muito de fazer esses registros e organizava álbuns enormes, com as devidas categorias, datas, descrições…
Assisti também muitos filmes e desenhos no aparelho de vídeo K7, tive uma fase em que ouvia rádio em casa o dia inteiro, e também lembro da minha felicidade ao ganhar um disc player rosa, na ocasião de uma viagem internacional feita pelo meu pai. Mais tarde, assisti muitos DVD’s, e o meu favorito era o do show de Sandy&Junior, “As 4 estaçōes”, e passei muitas tardes dançando em frente à televisão. Durante muitos anos, também, meu pai e eu tínhamos o habito de ir a video locadoras todos os finais de semana e alugar alguns filmes. Eu tinha um prazer enorme em passar horas passeando pelas prateleiras de DVD’s, lendo as sinopses, e no final escolher um ou dois filmes para assistir no final de semana. Eu me programava para isso, pois sabia que na segunda-feira teria que devolvê-los. Ainda me lembro do ritual de ligar a TV, colocar o DVD, escolher a legenda… aprendi muito vendo filmes e ouvindo música, especialmente no quesito línguas estrangeiras.
Mais tarde passamos a ter um computador para toda a família, e a internet era discada. Lembro do barulho da internet se conectando e sabíamos que não podíamos usar a internet se alguém estivesse esperando uma ligação importante no telefone fixo. Eu gostava de brincar no Paint, fazendo desenhos e colagens. Depois descobri o site da Barbie, onde eu criava diferentes roupas e maquiagens para a minha boneca online.
Chegando na pré adolescência, ganhei um mp3 player e tive que aprender a baixar músicas online, mas sem muito sucesso. Era difícil achar um arquivo livre de vírus e que concluísse o download de fato. Esse mp3 sem marca depois evoluiu para um Ipod nano, enquanto os colegas da escola passaram a possuir as mais novas e sofisticadas versões do Ipod. Chegou também a fase das redes sociais, e a moda era o Blogão, um blog, mesmo, que funcionava como um perfil online. Depois, veio o Orkut, e eu me divertia nas diferentes “comunidades”, postava fotos, “stalkeava” pessoas, enfim… a moda era escrever “depoimentos" e “scraps" para nossos amigos, declarando nosso amor por eles… também escrevíamos alternando as letras maiúsculas e minúsculas, inventávamos modas para expressarmo-nos online. Mas meu domínio era tão mínimo que me lembro de, uma vez, escrever em um papel um link e depois digitá-lo novamente no computador, pois eu não conhecia a função de copiar e colar ainda.
Por volta dos meus doze anos, entre o pessoal da minha idade, existiu também a moda do MSN, um programa de mensagens instantâneas. Todo dia, quando eu chegava da escola, ligava o computador e ficava conversando com as amigas ali. Ainda me lembro do barulho das mensagens, e dos simples e divertidos recursos, como por exemplo o "chamar atenção”, que “tremia" a tela da outra pessoa. Caprichávamos no nosso “nickname”, escrevendo trechos de musicas, etc…
Mais ou menos nessa mesma época, as crianças da minha escola passaram a ter seus proprios telefones celulares, o Motorola V3 era o sonho de consumo, especialmente entre as meninas se fosse o modelo rosa. Trocávamos musicas através do Bluetooth do celular. Logo depois, surgiu o primeiro Iphone…
Resumindo, as tecnologias foram presentes na minha infância e adolescência num sentido social, mas não na educação. Não me lembro de usar a internet para fazer pesquisas escolares ou nada do tipo. Talvez mais tarde, por volta dos meus quinze anos, na escola de inglês, que possui um "quadro interativo” e os professores trabalhavam alguns videos com a gente. Em um momento, me lembro de termos uma discussão sobre educação e tecnologia no qual a professora nos passou um video bem interessante.


Fora isso, tive algumas aulas de informática na escola para aprender as normas da ABNT e dominar ferramentas como o Excel, por exemplo, mas confesso que não consegui aprender muito.
Hoje em dia, uso bastante Youtube, Google em geral e sites pontuais de acordo com minhas necessidades do momento. Produzo pouquíssimo conteúdo digital e participo pouco de redes sociais. Uso smartphone no meu cotidiano, principalmente aplicativos de banco e de transporte e no quesito educação gosto do Duolingo, tanto para meu próprio uso quanto como recomendação para meus alunos.
A verdade é que não levo muito jeito e tenho um pouco de resistência com relação a tecnologias no quesito trabalho e estudos. Tenho tido grande dificuldade em me adaptar ao ensino remoto emergencial. Sei que existem grandes vantagens na EaD, como a praticidade e a liberdade. Entendo que a tendência mundial é de se “virtualizar” e que precisarei me adaptar a isso de alguma forma. No entanto, sinto falta da troca entre professores e alunos, do olhar nos olhos, da dinâmica de uma sala de aula cheia. Como professora de línguas, parei de trabalhar desde o começo da pandemia pois eu não tinha as ferramentas necessárias para dar aulas online e também perdi toda a motivação. O que mais me encanta no ensino é o contato com os alunos e não vejo muita possibilidade de aprendizado de uma língua estrangeira sem essa troca presencial. Acredito que existem muitas ferramentas tecnológicas interessantes que podem ser incorporadas ao ensino para dinamiza-lo mas uma coisa não substitui a outra e é necessário encontrarmos um equilíbrio entre e a educação presencial e à distância.

segunda-feira, 8 de julho de 2019

Café

Ter fé: em Deus ou na Deusa, nos deuses, na natureza, na vida, no universo, em você mesmo.
Ter fé é entregar, confiar, aceitar e agradecer. É simplesmente saber, ou se esforçar para acreditar, até acreditar mesmo.
É que tudo acontece por um motivo e com um propósito maior. É que cada coisa tem seu tempo e acontece na hora certa. É que se não foi, não era pra ser, e o que é nosso está guardado. É que o que Deus dá, ninguém tira.
Ter fé que Deus dá o frio conforme o cobertor, e que nossos desafios são do tamanho da nossa capacidade. É ver em cada um deles uma oportunidade de aprendizado.  É que o não nos mata, nos fortalece.
Ter fé que a chuva traz também o arco-íris e molha as plantas, e que o sol renasce todos os dias.
É que Deus tem planos maiores pra mim do que eu pra mim mesma. 
Ter fé é um dom, e alguns otimistas o têm naturalmente. Para outros, é um exercício diário.
A fé às vezes um copo de café quentinho de manhã que nos reanima e consola como se dissesse: "eu sei que tá difícil mas você consegue..."
Que nunca nos falte, nem fé nem café, todas as manhãs.

segunda-feira, 28 de julho de 2014

    Morando no exterior, participando de uma conversa entre meninas da minha sala, uma belga contou de uma menina que abortou três vezes, filhos de pais diferentes. "É uma puta", ela disse em bom francês. As outras duas suíças que participavam da discussão riram enquanto faziam cara de "que babado". 

    Puta? Quem é puta? O que seria uma puta? Será que existem mesmo putas? O que eu conheço são mulheres. Mulheres que fazem sexo, por que são humanas e também frutos de sexo. E mulheres que fazem sexo estão sujeitas a engravidar. Então são putas por que engravidaram? Ou por que fizeram sexo? A maioria das moças que chamam de puta uma jovem que engravidou também dão pro namorado e eventualmente serão mães. E nossas mães são putas por que engravidaram, por que deram? Que grandes filhos da puta somos nós. Que grandes filhos da puta, minha mãe e meus oito tios paridos por minha avó. Puta que pariu! Que grande puta vovó é. E não são putas (nesse caso tenho que usar a palavra no feminino, no masculino não teria o mesmo sentido) os rapazes que engravidaram a menina? E não era puta meu avô?

     Não cabe a mim opinar sobre os abortos feitos por ela, até por que não sei seus motivos e nem as circunstâncias. Passou pela minha cabeça, apenas, que depois do primeiro, ou mesmo antes, ela poderia ter se prevenido - ou seus parceiros também não poderiam te-los prevenido? - Por que mesmo com todas as boas condições de um aborto legalizado em pais de primeiro mundo, não é preciso ter abortado pra saber que esse é um procedimento muito difícil e doloroso pra mulher, física e emocionalmente. 

    Eu fico feliz que em algum lugar do mundo ela tenha tido o tratamento correto para a decisão que ela tomou para o seu próprio corpo, e espero que as belgas, suíças e brasileiras passem a se enxergar, se unir e se respeitar como mulheres, não como putas. Por que putas não existem.

- Mãe, e como era BH há trinta anos?
- Ah, era um domingo... um eterno domingo

Cidade grande

Pequena demais pros nossos sonhos

sexta-feira, 13 de junho de 2014

Lavei a roupa suja
E ainda fiz poesia
Botei pra secar com a lua
Por que não quis esperar o dia

segunda-feira, 19 de maio de 2014

O tempo e a distância assustam
Assusta a distância de um tempo pro outro
O que assusta é sentir o tempo passar e a distância diminuir
Assusta chegar, e portanto partir...
Assusta despedir do que fora apresentado
E reencontrar o que agora parece passado
Logo ontem era verão, e já vi tantos verões...
Mas nem percebi o passar das estações
Tudo parou no tempo
E eu pareço sempre estar de partida
Assusta o encontro e assusta a despedida