terça-feira, 25 de dezembro de 2012

quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

Gente grande

Sempre achei papo de velho careta e mala: "Nossa, como você cresceu! Você está uma mocinha! Lembra de mim?". Quando pequena, morria de raiva dessa última pergunta. "Como você queria que eu lembrasse de você se eu te vi há mil anos?", pensava. Mas meio com medo de deixar a "titia" sem graça, concordava com a cabeça, em silêncio. "Lembra?! E qual é meu nome?". Eu ficava calada.
Essas histórias ainda ficam na minha cabeça (sinal que não estou tão velha assim), mas hoje mesmo me peguei dando uma de coroa chata. Fui à casa de uma amiga que por motivo e outro, não via há dois anos. E antes desses dois anos vivíamos juntas, todo final de semana eu ficava na casa dela e já me sentia em casa. Quando vi a irmãzinha dela, que surpresa! E-no-r-me! Tinha virado gente! Aquela menininha que antes brincava comigo caladinha e às vezes fazia birra com vergonha de cumprimentar, veio toda-toda dando até dois beijinhos na maior simpatia e contando mil casos. Realmente, uma mocinha. Foi quando minha amiga perguntou se ela se lembrava de mim, e, não fiquei surpresa, ela não lembrou. E apesar de ter nas minhas memórias esse tipo de momentos embaraçosos, não pude evitar dar uma de titia! Falei mesmo, o quanto ela havia crescido, e o quanto sua personalidade estava florescendo, e ainda comentei o trabalho que ela vai dar quando crescer um pouco mais - que menina linda e esperta!
Ao contrário do que eu pensava quando criança, não se passaram mil anos desde quando vi a pequena Giulia pela última vez. Passaram-se dois anos. Ela tinha quatro, agora tem seis. O que, para uma criança, funciona como se fossem mesmo mil anos. 
Percebi que o que me assustou mesmo não foi o crescimento daquela menininha, mas o nosso. O meu, e o da minha amiga, que, para nós, os dois anos também acabaram sendo como mil. Nossa altura não mudou muito e nem a nossa personalidade, mas amadurecemos, mudamos de turma, ficamos mais bonitas. Descobrimos quem nós somos e, naquela época, uma contribuiu muito para a outra com relação à isso. E, de repente, chegou a nossa hora de "virar gente grande". Não foi a Giulia que cresceu, ela continua sendo uma criança. Fomos nós que crescemos, e estamos virando adultos. De repente surgiram as responsabilidades, as escolhas, os amores, e é agora que vamos assumir tudo aquilo que, durante esses dezoito anos de vida, fomos resolvendo ser e nem sabíamos. 
Sei que ainda sou nova, tenho uma vida inteira pela frente e o mundo em minhas mãos, mas o sentimento do tempo começa, pela primeira vez realmente, a me atingir. Agora eu vejo, que todos os clichês que os adultos nos diziam eram verdade: o tempo voa, eu era feliz e não sabia, tudo era ao meu favor e eu poderia ser, mais ainda, quem eu quisesse. E escolho até hoje, me alternando entre cortes de cabelo e programas diferentes, tentando descobrir ainda, aos quarenta e quatro do segundo tempo, quem eu sou e quem eu quero ser. Eu não preciso ser sempre a mesma, sei que enquanto eu viver vou me moldar como pessoa, mas aos dezoito anos já é bom ter pelo menos uma ideia de quem são meus verdadeiros amigos e do curso que eu quero pra faculdade. Acredite, para mim, agora, isso é sim, questão de "ser ou não ser". Sei que ainda posso ser o que eu quiser e ter tudo o que eu desejo, e que tenho todas as condições para isso. O meu medo é não saber fazer a coisa certa com as oportunidades que me são oferecidas. Tenho a estranha certeza, agora, de que o que aconteceu não pode ser desfeito, que cada escolha, mesmo que mínima, tem suas consequências: boas, ruins ou, simplesmente, consequências. Não há volta, nada vai ser como era antes (e isso me dá até um certo alívio! Deus me livre do primeiro beijo e de todas aquelas crises dos onze anos). O fato é que cada dia, cada segundo, não volta mais, e vivemos em uma contagem regressiva para sermos o que sempre fomos destinados a ser: cinzas. Já o caminho antes disso, é a gente mesmo quem escolhe.

domingo, 9 de dezembro de 2012

Extorquindo

"Eu poderia estar matando, roubando ou extorquindo, mas estou só..." é uma frase que eu uso bastante quando me dirijo à minha mãe pedindo alguma coisa ou me justificando de um pequeno erro. Exceto pelo "extorquindo", que diabos quer dizer isso? Liguei pra minha mãe para perguntá-la o que significa. Eu poderia até procurar no Google, mas fiquei com medo dos significados, dos adjetivos, das imagens. Da forma como a palavra me seria exposta, por que eu sei que coisa boa não é. Às vezes vindo da minha mãe - a explicação da palavra, claro - ficaria mais leve. Mas ela, me contrariando, me mandou procurar no Google. Vai ver é que ela tem medo de me explicar também...
Não sei até agora o que "extorsão" quer dizer.

quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

Crê Ser

"Crescer dói", já me dizia mamãe naquela época em que eu vivia cheia de roxos, com minhas pernas e braços esbarrando em paredes e móveis, ainda ignorantes de suas novas proporções, vindas daquele crescimento súbito de lá meus doze anos de idade. Às vezes, destrambelhada, até derrubava objetos ou acertava alguém sem querer, estranhando aquela força que agora era minha. "Crescer dói muito", me dizia mamãe. E só entendo isso agora, que meus ossos e músculos já se acomodaram em seus devidos lugares e tamanhos, e que meus hormônios já estão mais ou menos controlados. E como dói, mamãe...