sábado, 28 de setembro de 2013

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queria poder deixar a dor abstrata
que esse embrulho no estômago
toda vez que penso 
pudesse se transformar em desenho
rabisco nervoso
de preto no branco
pra rasgar 
e atear fogo ao papel
levando as mágoas
com a fumaça ao léu

as palavras que me pego resmungando 
mas gostaria 
- ah se eu pudesse
te sussurrar
me sufocam
e me provocam berros 
quando a agonia do umbigo sobe pra garganta 
que coça, 
e grita e uiva,
e no choro soluça
procurando uma solução
pedindo por socorro
clamando por perdão

perdão que virá desta mesma mente confusa
que criou o pecado
e instigou o malvado
fardo da ilusão
que acusa e maltrata
e destrói
todas as lembranças boas
e castiga e critica
e aponta
pra bem longe a esperança

a esperança boba, sonsa, tola
de que seja mesmo ilusão
de que eu esteja enganada
que tudo isso não é nada

mas o nada que me abraça
também arranha e esbraveja
afogando numa cerveja
minhas supostas 
ultimas lagrimas

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